Mãe de criança que morreu de dengue vai processar a prefeitura de Santa Luzia

Isaac Daniel
Isaac Daniel 6 minutos
A dor e a revolta são o que motivam Dinair Barbosa de Oliveira a buscar por Justiça. Ela perdeu o filho de apenas 4 anos no dia 28 de março, após sucessivos diagnósticos equivocados na UPA São Benedito.
De: Hoje em Dia CIDADE

A dor e a revolta são o que motivam Dinair Barbosa de Oliveira a buscar por Justiça. A mulher perdeu o filho de apenas 4 anos no dia 28 de março, após sucessivos diagnósticos equivocados na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) São Benedito, em Santa Luzia, na região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), e pretende processar o município. Diego Lemos Gonçalves Barbosa morreu vítima de complicações da dengue.

Afastada do trabalho e fazendo acompanhamento psiquiátrico, Dinair conta que não vai à Justiça em busca de dinheiro, mas em busca da verdade. “Eu quero é Justiça. Quero saber se esses médicos realmente estudaram para exercer a profissão e se houve negligência no caso do meu filho”, explica a mulher que registrou um Boletim de Ocorrência e já acionou o Conselho Regional de Medicina, que deve apurar o que aconteceu no caso de Diego.

Dinair deve se encontrar com sua advogada nesta sexta-feira (12) para decidir se a ação será proposta também contra os médicos que atenderam seu filho na UPA São Benedito. Segundo a mãe, Diego teve febre no dia 22 e chegou a ser atendido por quatro médicos na unidade de saúde, mas apenas no dia 27 foi diagnosticado com dengue e transferido em estado grave para o  Hospital Infantil João Paulo II, também conhecido como Centro Geral de Pediatria (CGP), em Belo Horizonte. Diego, porém, não resistiu e faleceu na tarde do dia 28 de março.

Mãe de três filhos, Dinair conta que Diego era o xodó da família. “Eu tenho uma menina de 15 e outra de 11 anos, mas ele era minha paixão. Era meu caçula. Minha casa está uma tristeza só”, conta a mulher que está tomando antidepressivos para conseguir se recuperar da perda. Além dela, os avós e o pai da criança também estão muito abatidos e a irmã mais velha está até perdendo peso. “Não entra na cabeça da gente. Parece que ele está em algum lugar esperando a gente buscá-lo”, relata a mãe desolada.

Entenda o caso

Diego Lemos Gonçalves, de 4 anos, morreu no dia 28 de março vítima de dengue. Segundo a mãe, Dinair Barbosa de Oliveira, a criança começou a passar mal no dia 22 com febre e foi dianosticado na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) São Benedito com uma inflamação na garganta e passou a ser tratado com antibióticos. “A médica que o atendeu pediu um exame de sangue que constatou infecção, que segundo ela foi provocada pela garganta inflamada”, relatou a mãe.

Mas a criança não melhorou e no dia 26 Dinair voltou com o filho à UPA. Segundo ela, Diego estava muito fraco e quase não se alimentava. Dessa vez, o diagnóstivo foi de bronquite e a recomendação era de nebulização e soro para que ele recuperasse as forças. Dinair passou a noite na unidade de saúde e contou que, durante a madrugada, a criança vomitou sangue, mas a médica que estava de plantão não teria dado atenção ao fato.

No dia seguinte pela manhã, outro médico assumiu o plantão e após realizar uma lavagem gástrica em Diego e analisar os exames da criança constatou que a situação era preocupante. “Ele chamou outro médico e disseram que era dengue hemorrágica, mas eu nunca imaginei que meu filhos estivesse com dengue porque ele nem manchou o corpo”. Conforme Dinair, apenas a médica que assumiu o plantão da noite é que agilizou os papéis e conseguiu a transferência de Diego para o CGP, que aconteceu por volta de meia-noite do dia 28 de março.

“Quando cheguei ao CGP me informaram que o estado de saúde do meu filho era grave, que ele estava com o pulso muito fino e a pressão bem abaixo do normal, mas disseram que fariam de tudo para salvá-lo”, conta a mãe. Segundo ela, Diego se queixava de muita dor no abdômen e foi para o Centro de Tratamento Intensivo (CTI) da unidade. “Entubaram meu filho, sedaram ele e a médica me chamou e disse que ele poderia falecer. Aí, quando foi por volta das 14 horas, ele teve a primeira parada cardíaca. Tentaram reanimá-lo por mais de meia hora mas ele não voltou”, desabafa Dinair.

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Faço conteúdo para a internet desde 2011. Entusiasta de urbanismo, história e genealogia.