De: Hoje em Dia | Cidades |
Estação ferroviária foi inaugurada em 1893 e pertencia a Central do Brasil. |
A degradação física e artística de quatro construções coloniais de Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), ameaça parte da memória do município. Em completo abandono, o patrimônio está prestes a ruir.
O descaso com o Teatro Municipal Antônio Roberto de Almeida, na rua Direita, no centro histórico, completa duas décadas em 2013.
O interior do único espaço dedicado à encenação artística em Santa Luzia mais parece um set de filme de guerra. Há mofo, infiltrações, ratos e morcegos. Fezes de pombos e piolho estão pelos cantos. O forro de gesso do teto está destruído, assim como o piso, abarrotado de pregos que prendiam as cadeiras. Os assentos que restam estão quebrados e amontoados em um canto.
Árvore
Do outro lado do palco, na entrada do camarim, raízes de uma árvore crescem entre o piso e as paredes. Advogada e dona de um escritório que faz divisa com o teatro, a luziense Rosa Werneck lamenta o abandono do imóvel e relata os problemas da vizinhança.
“Há bichos como ratos, baratas e até urubus. Nos dias mais quentes, o cheiro é muito forte”, diz.
Em junho de 2011, a restauração do teatro chegou a ser aprovada pelo Ministério da Cultura. A Prefeitura de Santa Luzia teria que captar recursos por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet). Quase R$ 3 milhões foram aprovados para serem investidos na reforma, mas a administração municipal não conseguiu parcerias.
Estação ferroviária
Localizada no bairro Ponte, a antiga Estação Ferroviária chega aos 120 anos de construção clamando por socorro. O imóvel abrigava o Centro de Artesanato da cidade quando foi atingido por um incêndio, em junho do ano passado. O fogo danificou duas salas e parte do salão principal. Todo o telhado foi destruído.
Morador da região, o aposentado Nilton Ricardo Gabrich, de 56 anos, faz duras críticas ao descaso com o patrimônio da cidade. “Locais como esse, que deveriam nos dar orgulho, infelizmente acabam causando vergonha. E o pior é que nós, luzienses, não podemos fazer nada. Ficamos de mãos e pés amarrados diante desse absurdo”.
Aos 73 anos, Fidelcino de Souza Medina trabalha como vigia na estação e se emociona ao falar do imóvel centenário. “É uma tristeza muito grande. Aqui precisa ser recuperado”, diz.